Imagem: Liane Fraga |
Fui viajar sem ter terminado o diário. Ao
entrar na Casa de Anne, muitas frases do livro estão nas paredes. Ao subir as
escadas, passei pelo escritório e cheguei em frente ao armário que escondia a
porta para o anexo. A partir daquele ponto, as coisas ficavam mais sombrias: as
janelas são tapadas como eram na época. A tensão é sustentada por todos que
caminham em fila em passos lentos e ritmados sem a coragem de quebrar o
silêncio. Os quartos do Sr., Sra. Frank e Margot e o de Anne e Fritz Pfeffer
estão vazios, e continuaram assim a pedido de Otto Frank para lembrar as
milhares de pessoas que foram levadas e nunca mais voltaram.
Com medo do que podia acontecer à sua família
depois da invasão alemã à Holanda, o pai decidiu se mudar com a esposa e as
duas filhas - Anne e Margot - para o anexo em cima dos escritórios de suas
empresas que ficava no prédio.
Ali, escondidos por mais de dois anos, os
Frank dividiam dois quartos pequenos, a cozinha, o lavabo e o sótão com o Sr. e
a Sra. Van Pels, Peter van Pels e Fritz Pfeffer. Na manhã de 4 de agosto
de 1944, a polícia alemã invadiu o anexo, e, um mês depois, eles foram
deportados para o campo de concentração Aschiwitz-Birkenau. Das oito pessoas
escondidas, só Otto Frank sobreviveu à guerra.
Depois de voltar para Amsterdã, o pai tinha
esperança de rever as filhas, mas sabia que sua mulher já tinha morrido. Miep
Gies, funcionária do escritório e colaboradora dos clandestinos, entregou o
diário ao pai depois que soube da morte de Anne. Esse não conseguiu abrir o
diário por um tempo. Depois de lê-lo, decidiu publicá-lo, e a primeira edição
saiu em 25 de junho de 1947. O Museu foi aberto em 1960 e é uma das atrações
mais concorridas na cidade. Para quem pretende visitar o local, a dica é
comprar o ingresso antecipado pelo site www.annefrank.org, pois a média de
espera na fila é de duas horas.
Ao voltar, a obrigação de terminar o livro
pesou. Ao continuar a leitura, senti o coração da menina de 15 anos. O mal
estar aumentou, pois sabia onde ficara e por quais reais situações passara.
Depois de terminar a história, fiquei por alguns dias com o peito pesado,
desanimada e um pouco triste. A jovem sonhadora que queria ser jornalista e
escritora conseguiu comover mais uma alma
O site da Casa da Anne Frank disponibiliza um
passeio virtual para compreender como viviam os oito clandestinos:
www.annefrank.org/secretannex.
Texto publicado no Jornal Zero Hora, 03 de março de 2015
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